Estamos
finalmente mergulhando nas refrescantes aragens do outono no paralelo 30,
depois deste verão de 2014 que foi o mais quente dos últimos trinta anos. Calor
que parece querer indicar que ainda teremos muito inferno pela frente para
cozinhar no caldeirão do tempo as mazelas humanas por seus desequilíbrios
ecológicos.
Quem navegar por esta região do planeta, como
fizeram os açorianos, aportará na cidade de Porto Alegre, que em 26 de março
passado comemorou seus 242 anos. Cidade que propicia aos seus habitantes a
vivência intensa das cores e aromas característicos e diferenciados das suas
quatro estações do ano.
Porto
tri-legal, que enquanto muiiiito
lentamente se moderniza em sua infra-estrutura, vai conservando seus valores
culturais latino-americanos nas rodas de mates e, sobretudo, busca recuperar os
sonhos perdidos, como o da balneabilidade das suas praias e a construção do seu
metrô. Metrópole que se mobiliza com o
movimento dos ciclistas por um trânsito mais humanizado; recanto do planeta onde
o sol poente edita a cada dia um novo e
maravilhoso cartão postal às margens do Guaíba.
Porto que acolheu a todos nós, natos ou filhos adotivos
oriundos do êxodo rural, à deriva da perversa má
distribuição de renda deste país, é a
cidade onde ancoramos nossas vidas, para onde sempre retornamos, por mais longe
que eventualmente naveguemos. É de suas noites frias e de suas tardes
calorentas que sentimos falta, bem como de suas manhãs, quando derramando-se em
folhas pelos seus parques e florindo multicolorida pelos jardins suspensos de
suas avenidas arborizadas.
Porto Alegre é o nosso lugar no
mundo, lugar que nos identifica e diferencia dos outros povos do planeta; lugar que define o nosso
peculiar ponto de vista, determina a essência dos nossos princípios, do nosso
jeito de ser e de viver. Ser portoalegrense é saber construir sonhos com as próprias mãos, pedra
por pedra, como quem constrói um cais, é sentir-se parte das docas do cais
desta cidade, é ter-se no peito um porto aberto a todos os navios, alegres ou não.
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