terça-feira, 1 de abril de 2014

Porto Alegre: Meu Cais

Estamos finalmente mergulhando nas refrescantes aragens do outono no paralelo 30, depois deste verão de 2014 que foi o mais quente dos últimos trinta anos. Calor que parece querer indicar que ainda teremos muito inferno pela frente para cozinhar no caldeirão do tempo as mazelas humanas por seus desequilíbrios ecológicos.
Quem navegar por esta região do planeta, como fizeram os açorianos, aportará na cidade de Porto Alegre, que em 26 de março passado comemorou seus 242 anos. Cidade que propicia aos seus habitantes a vivência intensa das cores e aromas característicos e diferenciados das suas quatro estações do ano.
 Porto tri-legal,  que enquanto muiiiito lentamente se moderniza em sua infra-estrutura, vai conservando seus valores culturais latino-americanos nas rodas de mates e, sobretudo, busca recuperar os sonhos perdidos, como o da balneabilidade das suas praias e a construção do seu metrô.  Metrópole que se mobiliza com o movimento dos ciclistas por um trânsito mais humanizado; recanto do planeta onde o sol  poente edita a cada dia um novo e maravilhoso cartão postal às margens do Guaíba.
         Porto que acolheu a todos nós, natos ou filhos adotivos oriundos do êxodo rural, à deriva da  perversa má distribuição de renda deste país,  é a cidade onde ancoramos nossas vidas, para onde sempre retornamos, por mais longe que eventualmente naveguemos. É de suas noites frias e de suas tardes calorentas que sentimos falta, bem como de suas manhãs, quando derramando-se em folhas pelos seus parques e florindo multicolorida pelos jardins suspensos de suas avenidas arborizadas. 
         Porto Alegre é o nosso lugar no mundo, lugar que nos identifica e diferencia dos outros povos  do planeta; lugar que define o nosso peculiar ponto de vista, determina a essência dos nossos princípios, do nosso jeito de ser e de viver. Ser portoalegrense é saber  construir sonhos com as próprias mãos, pedra por pedra, como quem constrói um cais, é sentir-se parte das docas do cais desta cidade, é ter-se no peito um porto aberto a todos os navios,  alegres ou não.

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